Pular para o conteúdo principal

praça da liberdade

Saiba sobre o processo criativo dessa pintura em aquarela.


Apesar de ter sido uma encomenda de uma grande amiga, confesso que foi o início de uma maravilhosa experiência para um futuro projeto pessoal onde eu encararei vários símbolos da arquitetura urbana da grande Belo Horizonte, em Minas Gerais e, quiçá, outras cidades pólos do país. Mas, ainda não tive como incluir tal projeto em minha agenda atolada de trabalhos e, portanto, ele ainda existe, mas em banho maria.


Pintar a Praça da Liberdade foi simplesmente desafiador, tanto no contexto complexidade quanto na ideia de reproduzi-la com fidelidade e de maneira satisfatória. 
Em seu processo criativo, primeiro de tudo fui até o local e tirei várias fotos. A cliente fazia questão que ela e o marido aparecessem de alguma forma e que o coreto e o prédio do Niemeyer também fossem planos de fundo. Por morarem muito próximos e a praça ser o quintal de suas casas, e que fazia parte de suas histórias, era importante captar cada detalhe pedido a fim de deixar registrado tamanha recordação, já que os dois estavam se mudando para a França e a pintura, enquadrada, iria junto com eles.





Após as fotos, me posicionei em vários lugares que captasse os elementos requeridos e pus-me a rabiscar no sketchbook todos eles, para ter uma noção tracejada do que viria a ser o desenho base para a praça. Alguns sketchs foram bem simples, quase uns croquis e outros mais apurados, onde eu decidia, a cada momento da luz do dia, a direção da iluminação local.




Já em casa - morava no interior, na época - comecei a rabiscar em tamanho real 40 x 30 o que seriam os primeiros traços para aquela arte. Imprimi todas as fotos e as espalhei na prancheta junto aos rascunhos de estudo e analisava cada um. Definido o rascunho, limpei as imperfeições, scaneei e levei para o photoshop junto das fotos para acertar as proporções, de forma que nada ficaria fora do eixo e da perspectiva real. Redesenhei tudo digitalmente e imprimi.
Com a arte já definida e impressa, levei para a mesa de luz para redesenhar tudo no papel aquarela. Usei um Arches grana fina 300g.




Todo esse processo até aqui rendeu cinco dias de pesquisas e trabalho. Após a arte à lápis finalizada no papel, pronto para a pintura - foram quatro horas de desenho - pus-me a iniciar a pintura.
Foi um processo lento, conciliando com outras atividades e clientes, onde gastei uma semana.

Claro, em meio a tudo, tinha o medo de não dar certo, de não ficar como esperado, houveram erros que consegui contornar com cautela e muitas vezes quase desisti. Esse medo provém apenas por ter sido uma novidade no meu esquema de trabalho e formas de pintura. Vencido essa etapa psicológica e olhando para a arte finalizada, o que me tomava a alma era só a vontade de fazer mais e melhor, cada vez mais e muitas outras praças, prédios, locais que viriam a ser o meu projeto futuro de visão aquarelada da minha cidade. O banho maria está quase esfriando, na agenda já estão surgindo vagas e as propostas de colocá-lo em prática não são remotas, são imensas.
Minha amiga, minha cliente, não tinha onde mais se emocionar com a pintura e dar saltos de alegria. Trabalho completo, cliente satisfeita, meu ego nas alturas.

Obrigado pela atenção até aqui.
Afagos do Laz.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

composição, cores quentes e frias, iluminação e clima.

Por mais simples que seja, sua arte pode ficar ainda mais rica quando se tem todo um propósito estético em cada aresta. O que mais me chama a atenção nessa imagem foi o fato deu a tê-la desenhado em rascunho, no sketchbook, sem a mínima pretensão de criar esse clima todo em torno do momento apresentado. Mas, quando pensei em pintá-la, já comecei a dar forma, em pensamento, à sua atmosfera.   Na composição, de cara, temos uma luminária externa no centro exato da cena. O ambiente é noturno e só se percebe isso pela iluminação que nos mostra a noite estrelada ao fundo. À direita temos um close fechado nos detalhes de um pedaço de muro e uma janela (supostamente uma casinha de esquina), iluminada pela luz artificial. Percebe-se que a luminária substitui a luz da lua e cria sombras projetadas na parede da casa em cima de cores quentes, propositadamente, para aquecer um ambiente frio, mostrado pelas mangas compridas da blusa da personagem. Por fim, podemos perceber as duas metad

grisaille e underpainting lado a lado

O que você precisa saber sobre criar uma base monocromática para sua pintura em aquarela antes de aplicar qualquer outra cor. No método tradicional da pintura em aquarela, vamos trabalhando em camadas de cores que vão dos tons mais claros e transparentes (ao contrário de outras técnicas) aos mais escuros e até mesmo opacos, dependendo do grau de intensidade que desejamos dar ao resultado final. E o resultado final  (não se falando ainda do processo de desenvolvimento da pintura) tão importante ou mais do que o processo, para quem está sempre procurando desenvolvimento, nem sempre se chega da mesma forma para todos. É como nos softwares de arte digital, onde você tem mil ferramentas e cada artista trabalha à sua maneira com ferramentas diferentes para se chegar a um mesmo resultado. Nesse post sobre o processo de pintura monocromática , em alla prima , falo dos valores tonais que dão forma ao que se pretende pintar através de uma única cor. São esses valores que definem o volu